No centro de um dos bairros boêmios mais tradicionais de Fortaleza, um massacre. Sete mortes separadas por alguns minutos. O massacre começou em uma Praça da Gentilândia lotada, como em todas as noites de sexta-feira, e espalhou rastros de sangue também pela rua Joaquim Magalhães, chegando até à Vila Demétrios, reduto de uma das maiores torcidas organizadas da Capital, a Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF).
Em três meses, esta foi a quarta matança registrada no Ceará, e a mais próxima ao Centro da Capital. Também foi a primeira com ações simultâneas em vários locais. O POVO Online compilou todas as informações divulgadas sobre o caso.
Como foi o crime?
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), um carro modelo Honda Civic parou próximo à Praça da Gentilândia, no bairro Benfica, por volta de 23h30min de sexta-feira, 9, e os ocupantes do veículo começaram a disparar. Foram cerca de 20 tiros. O local estava lotado, além dos frequentadores dos bares da região, havia estudantes que vinham de festa realizada na Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Do ataque na Praça, três pessoas morreram.
No segundo front do massacre, outro grupo de suspeitos chegou à Vila Demétrios, onde está localizada a sede da TUF. Integrantes da torcida tricolor estavam no local. Uma pessoa foi morta. Quando os algozes saíam do local, dois outros membros da TUF, vestidos com camisetas do time, chegaram em uma motocicleta, um deles foi assassinado e o outro baleado, ainda na rua Joaquim Magalhães. Dois homens ficaram gravemente feridos e faleceram no Instituto Doutor José Frota (IJF).
Quem eram as vítimas?
Na Praça da Gentilândia, morreram José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior, 33, Antônio Igor Moreira e Silva, 26, e Joaquim Vieira de Lucena Neto, 21. O envolvimento deles com torcida organizada não foi confirmado. Conforme o secretário André Costa, dois deles seriam traficantes de drogas. Segundo o titular da Pasta, na pochete de um deles foram encontrados crack, maconha e dinheiro. Na ação inicial, os homicidas teriam uma motivação, já que buscaram vítimas específicas. No restante do massacre, os disparos foram aleatórios.
Na Vila Demétrio, os criminosos assassinaram Carlos Victor Meneses Barros, 23. Pedro Braga Barroso Neto, 22, também morreu no local. Ele estava na motocicleta na rua Joaquim Magalhães. Emilson Bandeira de Melo Júnior, 27, e Adenilton da Silva Ferreira, 24, faleceram no IJF. Conforme O POVO Online apurou, pelo menos quatro vítimas eram ligados à TUF.
Quantas pessoas ficaram feridas?
Além dos mortos, um jovem, de 22 anos, foi baleado no pé, mas ainda não passou por cirurgia. Uma mulher de 25 anos, acertada por disparos no braço e na barriga, está na sala de recuperação do IJF esperando por transferência para o Hospital Monte Klinikum. Um amigo dela, de idade não informada, também está internado na unidade de saúde em estado grave. Muitos outros frequentadores da Praça ficaram com escoriações leves pelo corpo ao tentar escapar da matança.
O que dizem as torcidas organizadas?
A Torcida Organizada Cearamor (TOC) e a Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) descartam envolvimento em chacina. Os alvinegros lamentaram a matança e se solidarizaram aos familiares das vítimas. “Hoje, famílias choram a perda dos seus entes queridos e as autoridades assistem essas mortes com naturalidade, transformando-se em rotina em nossa Cidade”, disseram.
Um dos dirigentes da TUF classificou o ato como “terrorista”. “É ato aleatório. Não tem explicação, não foi vingança (de uma torcida rival)”, ressaltou. Na tarde deste sábado, 10, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) cobrou, por meio de uma nota, a "imediata extinção das torcidas organizadas".
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