Bem Vindo

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Frida Kahlo - Continuação...






A pintura intitulada As Duas Fridas, de 1939, mostra a ana-tomia do coração. O objetivo dessa tela foi mostrar as duas personalidades que dominavam Frida quando da crise conjugal que resultou na separação de Diego Rivera. O trauma causado pela separação gerou uma pintura com um toque anatômico: uma personalidade é a Frida mexicana, a outra é a Frida distante, européia.

Os corações em sofrimento estão unidos por veias braquiocefálicas direitas de ambos os corações. Tais veias estão tão unidas quanto unidas estão as mãos das Fridas. A Frida européia mostra seu coração dilacerado, aberto, com as valvas, músculos papilares e cordas tendíneas à mostra. A sua veia subclávio direita está presa por uma pinça sob controle da mão direita, dando a entender que a qualquer momento a Frida abandonada se deixará esvair em sangue até à morte.
Depois de se submeter a mais uma operação de coluna, em 1946, agora em Nova York, Frida pinta o quadro Árvore da Esperança, Mantém-te Firme. Esse retrata seu sofrimento, simbolizado pela
noite, enquanto a esperança de recuperação é mostrada pelo sol brilhando no início de um novo dia.



O chão sob o qual Frida repousa encontra-se todo fendido, rachado, simbolizando as fra-turas nos seus ossos. Sobre a maca, ela deixa à mostra as regiões lombar e pélvica, nas quais pode-se ver a incisão sangrante feita para a osteossíntese vertebral, e outra incisão oblíqua na projeção da crista ilíaca direita, de onde foi retirado o osso para enxertia. A Árida sentada ao lado da maca com vestimenta tehuana segura na mão esquerda o colete ortopédico que ela sonhava abandonar quando estivesse curada. Na mão direita, ela agita uma bandeirola que dá nome ao quadro.




A pintora se submeteu a mais de 30 cirurgias, entre as quais sete de coluna. O Dr. Juan Farill foi o médico que operou sua coluna e foi homenageado por Frida com o quadro Auto-Retrato com o Retrato do Dr. Farill (1951).
Corria o ano de 1954 quando Frida resolveu retratar sua convicção, ou simpatia, pelo marxismo. Ela então pinta O Marxismo Dará Saúde aos Doentes. Nessa obra, a artista exterioriza seu sonho de que o marxismo acabaria com todo o sofrimento e dor que subjugam a humanidade. Ela estava tão entusiasmada com a idéia de que o marxismo seria a esperança de novos dias para o povo mexicano que, nessa pintura, abandona as muletas, embora se mantenha com o colete ortopédico. As mãos do marxismo a envolvem num gesto aconchegante. A pomba da paz voa no céu. O mundo dividido entre marxistas e capitalistas aparece à sua direita; à esquerda de Frida vê-se Karl Marx estrangulando Tio Sam, cujo corpo é a águia americana. A mão esquerda de Frida segura o livro vermelho do comunismo e próximo a ele vê-se o cogumelo da bomba atômica. A pomba, observamos, parece alçar vôo a partir da Rússia (ex-URSS) e da China.
Em 1954, Frida Kahlo foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. A última anotação em seu diário permite aventar-se a hipótese de suicídio.


Ádriana Calcanhoto

Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que não sei o
nome.
Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores.
(...)
Pela janela do quarto, pela janela do carro,
Pela tela, pela janela,
Quem é ela, quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado, remoto controle.





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