Bem Vindo
terça-feira, 25 de abril de 2017
O FOTÓGRAFO CHICO ALBUQUERQUE 100 ANOS - ABA FILM . MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEO CDMAC.
Há cem anos, em 25 de abril de 1917, nascia Chico Albuquerque, um dos grandes mestres da fotografia brasileira. Aos 15 anos, ao ajudar o pai em filmagens sobre a seca no Nordeste, começou a traçar a carreira no campo visual. Aos 25, já na empresa familiar Abafilm, fotografou as gravações de It´s all true, do cineasta Orson Welles. Depois vieram São Paulo, o Foto Cine Clube Bandeirante, os pescadores do Mucuripe e o pioneirismo na fotografia publicitária no País. Para homenageá-lo, será aberta hoje a exposição O fotógrafo Chico Albuquerque, 100 anos, maior mostra já realizada sobre a trajetória do cearense. Com curadoria de Patrícia Veloso, da Terra da Luz Editorial, e de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, a exposição reúne cerca de 400 imagens no Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e dá início à programação do festival Maloca Dragão.
Seguindo uma organização cronológica, são apresentados recortes da intensa carreira de Chico Albuquerque. O início como retratista, no estúdio da Abafilm, e as imagens do Cangaço abrem a exposição. Além da consagrada série sobre o Mucuripe, feita nos anos de 1952 e 1988, há também várias fotografias que serão exibidas pela primeira vez no Ceará. O material foi garimpado de um acervo de mais de 75 mil imagens, produzidas entre 1947 e 1975 em São Paulo, preservado na reserva técnica do Instituto Moreira Salles e passou por um delicado trabalho de restauração.
Na mostra, será possível observar o primoroso domínio da luz, em estúdio e em ambientes externos, além da experimentação formal do fotógrafo. “Era absolutamente moderno, sempre acompanhando o seu tempo. Ele rompe os isolamentos, contraria qualquer crença de um Nordeste isolado. Faz um Mucuripe com profundo respeito à questão humana e com uma construção arrojada do ponto de vista estético, depois leva isso para fotografar arquitetura, para a publicidade. É um grande mestre da fotografia aplicada”, explica Sérgio Burgi.
A diversidade na atuação de Chico Albuquerque marca a exposição. A participação no Foto Cine Clube Bandeirantes, os retratos feitos no estúdio montado em São Paulo e as fotografias de publicidade, território em que foi pioneiro no Brasil, exibem a competência no domínio técnico e de linguagem. Entre as qualidades do fotógrafo, Patrícia Veloso destaca a versatilidade. A curadora, que conviveu mais de 15 anos com Seu Chico, como é chamado de forma carinhosa, e depois dedicou-se a pesquisar a obra após seu falecimento, em dezembro de 2000, diz que “ele teve a capacidade de trafegar com maestria por muitas áreas. Se expressou pelo retrato, na paisagem, entrelaçou olhares e se colocou em tudo com muito conhecimento e emoção”.
Outro destaque da mostra é a Sala dos Afetos, com objetos e fotografias pessoais. Um dos retratos presentes nesse espaço foi feito por Delfina Rocha. Para a fotógrafa, além de uma merecida homenagem, a exposição é também grande oportunidade para a nova geração conhecer a importância de Chico Albuquerque para a fotografia brasileira. Estagiária do estúdio na década de 1980, diz que a convivência com ele foi a sua grande escola. “Naquela época não tinha internet. Ele foi minha faculdade em fotografia de publicidade e moda. Nem se intitulava professor, mas ensinava muito deixando que observássemos ele trabalhar. Não dava nada de mão beijada e, ao mesmo tempo que era duro, era também muito brincalhão e generoso”, explica.
Para os que já apreciam a obra de Chico Albuquerque, a exposição será reencontro e celebração. Para os que ainda não haviam atentado para a relevância do mestre, será um abraço novo e a possibilidade de percorrer um caminho de descobertas sobre a luz.
SERVIÇO
O fotógrafo Chico Albuquerque, 100 anos
Quando: Abertura hoje, 25, às 19 horas. Em cartaz até 2 de julhoOnde: Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar
ianasoares@opovo.com.br
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