O processo de preparação de análise de Trilhas Sonoras em uma edição que culmina com a sua execução é um campo de pesquisa relevante para compreender o motivo pela qual a música expressa diversos sentimentos.
Em análise, percebemos que a Trilha Sonora trabalha os registros temporais da edição.
Nesta perspectiva, é possível perceber três eixos temporais associados à trilha.
Toda a Trilha é trabalhada de modo a possibilitar que o expectador libere suas mais criativas idéias, na busca de soluções para as próximas cenas, e não como respostas para os próximos acontecimentos.
É estranho pensar que quando o som foi implantado aos filmes, em 1927 com o clássico O Cantor de Jazz, dividiu opiniões por todos os bastidores do mundo do cinema. O que parecia ser um retrocesso na linguagem, já que pensava-se que ele poderia tirar a poética da construção da imagem, hoje tornou-se indispensável em uma boa produção. Cineastas importantes demoraram a se render ao novo recurso. Charles Chaplin, por exemplo, demorou anos para fazer seu personagem falar. Somente em 1936, em Tempos Modernos, Chaplin deu o tom de sua voz, e mesmo assim cantando. Quando abriu a boca para falar de verdade, em 1940 com O Grande Ditador, fez um emocionante discurso e provou que ele próprio estava errado ao negar a evolução.
De lá para cá, o som não só passou a ser uma forma de se contar a história – através de diálogos e narração – como também passou a ser utilizado de modo cada vez mais inteligente nos filmes. Um exemplo? A música passou a fazer parte do clima direto na história, influenciando ou realçando os sentimentos que desejam ser passados. Um romance, por exemplo, como Casablanca ou …E o vento levou, fica impossível imaginar o filme com a mesma cara sem as famosas trilhas sonoras ao fundo. Em Psicose, Hitchcock montou uma das cenas mais famosas da história com um tom de poesia macabra na cena do chuveiro. A cada facada que é desferida contra a personagem de Janet Leigh, há um sinc direto com a música criada por Bernard Herrmann e um corte no plano do filme. Simplesmente genial.
Na França, Jacques Tati criou clássicos a partir de uma inteligentíssima implantação do som em seus filmes. Além de criar um personagem extremamente cativante e interessante – com certeza inspiração para um atual que todos conhecem, o Mr. Bean -, inventou vários e vários recursos que são usados até hoje com relação ao som de filmes. Seu personagem nunca fala no filme, ou seja, tudo é passado através de gestos e pequenos sons que acontecem ao seu redor. Ele coloca alguns sons propositalmente mais alto que o normal, e outros mais baixos, para controlar da maneira que quer tudo o que está acontecendo na tela. Imagine carros barulhentos, uma cena genial de ping pong, reclamações e tudo mais que faz parte do dia a dia colocado de forma inteligente, mas sem palavras!
Mel Brooks é outro que sempre brincou de maneira fantástica com os sons. Não me recordo do filme no momento (a memória sempre nos trai quando mais precisamos dela), mas em um movimento de câmera em um determinado filme seu, Brooks vai aproximando a câmera de uma janela, até que bate com a câmera no vidro da janela e a quebra! Ao fundo ouvimos Brooks brigando com seu câmera, pedindo para ele tomar mais cuidado com o movimento, simplesmente inacreditável! Outra brincadeira legal é que não sabemos quando o som está no filme ou não. Isso porque uma trilha sonora, como a de qualquer filme de romance, por exemplo, ouvimos uma música para reforçar os nossos sentimentos, mas isso não quer dizer que a música esteja tocando lá, no filme, para os personagens ouvirem. A brincadeira que Brooks faz é que, em determinado momento de seu filme, começa uma música bem estranha. Só que os personagens reagem a ela! Com isso ficamos na dúvida se o que está sendo ouvido está inserido no filme ou é apenas algo para reforçar uma idéia. Depois de nos deixar com essa dúvida e em suas mãos, Brooks faz com que passe um ônibus com uma banda dentro tocando a música. Simplesmente genial.
Um dos grandes nomes de todos os tempos em termos de trilha sonora é John Williams. Simplesmente criou trilhas como as de Star Wars, Indiana Jones, Jurassic Park, E.T., Tubarão e mais dezenas de filmes importantes que surgiram nos últimos anos, aquelas que ouvimos uma vez, vemos o filme e saímos cantando por vários dias os temas criados por ele para eles. Quem vem se destacando recentemente é Hanz Zimmer, que fez as trilhas de Gladiador, O Rei Leão, Thelma & Louise, Rain Main, O Príncipe do Egito, Missão: Impossível 2 e outros, mesmo que suas trilhas não marquem como as de Williams ou Herrmann.
Ainda hoje novos modos de se usar o som ainda são utilizados. Em História Real, por exemplo, David Lynch (em seu melhor filme) brinca com a recordação do pobre velho ao pensar na Segunda Guerra Mundial. Ele vai narrando sua história, correndo nas lembranças, mas a imagem fica fixa nele, não temos um flashback visual para a cena que ele está descrevendo. Ao invés disso, sons de aviões, tiros e tudo começam a ser escutados, enquanto a imagem continua fixa nele. Um modo inteligente e que pode passar despercebido por muita gente que está vendo o filme com menos atenção. Outro bom exemplo de utilização do som hoje em dia é na obra-prima de Lars von Trier Dogville. Como não temos cenários, o som torna-se importante para preencher certas ações dos personagens, como abrir portas, por exemplo.
Um cuidado deve ser tomado ao implantar-se o som em um filme. Não deve-se deixar que a obra musical seja tão grandiosa a ponto de obscurecer a obra visual, a história e os outros setores de um filme. E nesse sentido, Kubrick fazia isso como ninguém, utilizando óperas famosas em filmes como 2001: Uma Odisséia no Espaço e Laranja Mecânica. Mas ao invés das músicas darem uma face ao filme, eles são tão bons que deram um novo gás e renovaram as energias dessas músicas. O fato é que, ao contrário do que os grandes gênios pensavam ao início, o som não só se tornou um complemento estético para os filmes como uma nova forma de se narrar e enriquecer a grande arte que é o cinema.
Fonte de Pesquisa:http://oeditor.com/2010/03/18/trilhas-sonora-na-edicao-de-video/
Em análise, percebemos que a Trilha Sonora trabalha os registros temporais da edição.
Nesta perspectiva, é possível perceber três eixos temporais associados à trilha.
Toda a Trilha é trabalhada de modo a possibilitar que o expectador libere suas mais criativas idéias, na busca de soluções para as próximas cenas, e não como respostas para os próximos acontecimentos.
É estranho pensar que quando o som foi implantado aos filmes, em 1927 com o clássico O Cantor de Jazz, dividiu opiniões por todos os bastidores do mundo do cinema. O que parecia ser um retrocesso na linguagem, já que pensava-se que ele poderia tirar a poética da construção da imagem, hoje tornou-se indispensável em uma boa produção. Cineastas importantes demoraram a se render ao novo recurso. Charles Chaplin, por exemplo, demorou anos para fazer seu personagem falar. Somente em 1936, em Tempos Modernos, Chaplin deu o tom de sua voz, e mesmo assim cantando. Quando abriu a boca para falar de verdade, em 1940 com O Grande Ditador, fez um emocionante discurso e provou que ele próprio estava errado ao negar a evolução.
De lá para cá, o som não só passou a ser uma forma de se contar a história – através de diálogos e narração – como também passou a ser utilizado de modo cada vez mais inteligente nos filmes. Um exemplo? A música passou a fazer parte do clima direto na história, influenciando ou realçando os sentimentos que desejam ser passados. Um romance, por exemplo, como Casablanca ou …E o vento levou, fica impossível imaginar o filme com a mesma cara sem as famosas trilhas sonoras ao fundo. Em Psicose, Hitchcock montou uma das cenas mais famosas da história com um tom de poesia macabra na cena do chuveiro. A cada facada que é desferida contra a personagem de Janet Leigh, há um sinc direto com a música criada por Bernard Herrmann e um corte no plano do filme. Simplesmente genial.
Na França, Jacques Tati criou clássicos a partir de uma inteligentíssima implantação do som em seus filmes. Além de criar um personagem extremamente cativante e interessante – com certeza inspiração para um atual que todos conhecem, o Mr. Bean -, inventou vários e vários recursos que são usados até hoje com relação ao som de filmes. Seu personagem nunca fala no filme, ou seja, tudo é passado através de gestos e pequenos sons que acontecem ao seu redor. Ele coloca alguns sons propositalmente mais alto que o normal, e outros mais baixos, para controlar da maneira que quer tudo o que está acontecendo na tela. Imagine carros barulhentos, uma cena genial de ping pong, reclamações e tudo mais que faz parte do dia a dia colocado de forma inteligente, mas sem palavras!
Mel Brooks é outro que sempre brincou de maneira fantástica com os sons. Não me recordo do filme no momento (a memória sempre nos trai quando mais precisamos dela), mas em um movimento de câmera em um determinado filme seu, Brooks vai aproximando a câmera de uma janela, até que bate com a câmera no vidro da janela e a quebra! Ao fundo ouvimos Brooks brigando com seu câmera, pedindo para ele tomar mais cuidado com o movimento, simplesmente inacreditável! Outra brincadeira legal é que não sabemos quando o som está no filme ou não. Isso porque uma trilha sonora, como a de qualquer filme de romance, por exemplo, ouvimos uma música para reforçar os nossos sentimentos, mas isso não quer dizer que a música esteja tocando lá, no filme, para os personagens ouvirem. A brincadeira que Brooks faz é que, em determinado momento de seu filme, começa uma música bem estranha. Só que os personagens reagem a ela! Com isso ficamos na dúvida se o que está sendo ouvido está inserido no filme ou é apenas algo para reforçar uma idéia. Depois de nos deixar com essa dúvida e em suas mãos, Brooks faz com que passe um ônibus com uma banda dentro tocando a música. Simplesmente genial.
Um dos grandes nomes de todos os tempos em termos de trilha sonora é John Williams. Simplesmente criou trilhas como as de Star Wars, Indiana Jones, Jurassic Park, E.T., Tubarão e mais dezenas de filmes importantes que surgiram nos últimos anos, aquelas que ouvimos uma vez, vemos o filme e saímos cantando por vários dias os temas criados por ele para eles. Quem vem se destacando recentemente é Hanz Zimmer, que fez as trilhas de Gladiador, O Rei Leão, Thelma & Louise, Rain Main, O Príncipe do Egito, Missão: Impossível 2 e outros, mesmo que suas trilhas não marquem como as de Williams ou Herrmann.
Ainda hoje novos modos de se usar o som ainda são utilizados. Em História Real, por exemplo, David Lynch (em seu melhor filme) brinca com a recordação do pobre velho ao pensar na Segunda Guerra Mundial. Ele vai narrando sua história, correndo nas lembranças, mas a imagem fica fixa nele, não temos um flashback visual para a cena que ele está descrevendo. Ao invés disso, sons de aviões, tiros e tudo começam a ser escutados, enquanto a imagem continua fixa nele. Um modo inteligente e que pode passar despercebido por muita gente que está vendo o filme com menos atenção. Outro bom exemplo de utilização do som hoje em dia é na obra-prima de Lars von Trier Dogville. Como não temos cenários, o som torna-se importante para preencher certas ações dos personagens, como abrir portas, por exemplo.
Um cuidado deve ser tomado ao implantar-se o som em um filme. Não deve-se deixar que a obra musical seja tão grandiosa a ponto de obscurecer a obra visual, a história e os outros setores de um filme. E nesse sentido, Kubrick fazia isso como ninguém, utilizando óperas famosas em filmes como 2001: Uma Odisséia no Espaço e Laranja Mecânica. Mas ao invés das músicas darem uma face ao filme, eles são tão bons que deram um novo gás e renovaram as energias dessas músicas. O fato é que, ao contrário do que os grandes gênios pensavam ao início, o som não só se tornou um complemento estético para os filmes como uma nova forma de se narrar e enriquecer a grande arte que é o cinema.
Fonte de Pesquisa:http://oeditor.com/2010/03/18/trilhas-sonora-na-edicao-de-video/
Foto: Edimar Bento
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