LONDRES - Durante 74 anos, o destino de Amelia Earhart, a piloto americana que desapareceu sobre o Oceano Pacífico enquanto tentava dar a volta ao mundo, tem sido um dos grandes mistérios da aviação. Ela ficou sem combustível e pousou o avião no mar? Foi comida por caranguejos após passar anos como náufraga em uma ilha isolada? Foi capturada e executada como espiã pelos japoneses? Ou retornou secretamente aos EUA e assumiu nova identidade?
Todas essas teorias, e muitas outras, foram lançadas desde que esta pioneira da aviação e seu navegador, Fred Noonan, deixaram de fazer contatos por rádio em julho de 1937. Agora, habitantes de Papua Nova Guiné, última parada da dupla antes de seu desaparecimento, afirmam ter encontrado os destroços de seu avião Electra10-E a mais de 70 metros de profundidade em um recife da Ilha de Buka, na região de Bougainville, segundo reportagem do jornal "The Independent".
O empresário Cletus Harepa disse à Australian Broadcasting Corporation que está reunindo uma equipe de mergulhadores para examinar os destroços cobertos por corais. Segundo ele, um mergulhador que já esteve no local encontrou dois crânios humanos, além de três caixas com lingotes de ouro. As alegações de Harepa foram recebidas com ceticismo, com um especialista americano classificando-as como "besteiras além da conta". Mas o jornal local "Post Courier" informou que há "fortes indicações" de que é o avião de Earhart - que partiu da localidade de Lae, na Ilha de Nova Guiné, para um voo de 4 mil quilômetros até a pequena Ilha Howland, no Pacífico Central - o encontrado em Bougainville. "O local da queda está diretamente alinhado à rota de voo de Earhart a partir de Lae, ao norte da Ilha de Buka, em uma linha reta na direção nordeste rumo a Howland", afirma a publicação.
Primeira mulher a cruzar o Atlântico de avião sozinha, Earhart - então com 41 anos e uma celebridade internacional - havia completado mais de 35 mil quilômetros de sua viagem ao redor do mundo quando chegou a Lae. Tudo que faltava para a "Rainha do ar", como era conhecida, era atravessar o Pacífico, em um percurso de pouco mais de 11 mil quilômetros. Algo, no entanto, deu muito errado no primeiro trecho da travessia. Earhart enviou uma mensagem de rádio a um navio americano na qual avisava: "Devemos estar sobre vocês, mas não podemos vê-los. O combustível está acabando e não estamos conseguindo contato por rádio". Esta foi a última vez que se soube do paradeiro dela e de Noonan. Harepa, por sua vez, está convencido de que encontrou o descanso final da dupla.
- Alguém viu os destroços enquanto mergulhava à caça de peixes, mas eles não sabiam que o avião era de Amélia até meus mergulhadores alcançá-los entre 70 e 100 metros de profundidade - diz o empresário, acrescentando que a descoberta dos lingotes de ouro reforçam sua teoria, já que pilotos eram comumente usados para contrabandear ouro de Lae nos anos 30.
Mas o especialista na história da aviadora Ric Gillespie diz que a alegação é altamente improvável, pois as transmissões de rádio colocavam Earhart e Noonan a apenas 320 quilômetros da Ilha Howland quando de seu desaparecimento. Gillespie, diretor executivo do Grupo Internacional para a Recuperação de Aeronaves Históricas, acredita que a dupla aterrissou na remota Ilha de Nikumaroro, onde sucumbiu lentamente à falta de comida e água. Seu grupo encontrou fragmentos de ossos na ilha, agora parte de Kiribati, no ano passado, mas testes realizados pela Universidade de Oklahoma foram inconclusivos.
O desaparecimento de Earhart gerou centenas de artigos e vários livros. Para Gillespie, as afirmações de Harepa são um prova do longo interesse pela figura de Earhart, uma pioneira do feminismo:
- Creio que é mais um tributo a Amelia.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/03/09/aviao-de-amelia-earhart-pode-ter-sido-encontrado-923967827.asp#ixzz1crdlxE00
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