Bem Vindo

domingo, 6 de novembro de 2011

Fortaleza: cidade que gera saudade, mas não se preserva- Vamos Mudar Isso!







A Fortaleza que seu José Campos, 67, conheceu há 45 anos entrou num reboliço. Morador da beira da praia do Mucuripe desde 1966, quando veio de Itapipoca, o aposentado assistiu ao mar se esconder por detrás de prédios erguidos em frente à casa. Tomou um susto quando viu a foto datada de 1960, levada pelo O POVO, com palmeiras na praia e sem o prédio, deixando as dunas livres. Tão diferente de hoje. “Ali onde construíram o antigo (prédio) Esplanada, era a boate Alabama, a alegria das noites”, rememora. Mas seu Campos defende que a mudança foi para melhor. “Desenvolveu a cidade, trouxe o progresso, né?”, insiste.

A foto é uma das 68 que o memorialista e pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido Nirez, disponibilizou no perfil do Facebook, do arquivo de mais de 26 mil imagens de Fortaleza a partir de 1890. Nas imagens, pessoas com mais idade comentam como sentem falta desses tempos. Os mais jovens, o sentimento de saudade do que nunca viveu. No entanto, a falta de preservação de equipamentos públicos, aliada à deficiente conservação de imóveis privados antigos, no geral, levanta a questão: se a população acha tão bonitas as imagens, qual o motivo de não cuidar delas?

“Quando as pessoas destroem algo antigo e constroem algo novo é principalmente ligado à falsa ideia de progresso e modernidade”, considera o professor do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará, Régis Lopes. Segundo o professor, a noção de desenvolvimento sempre esteve ligada, em Fortaleza, ao que é novo. Por isso, é muito recente o conceito de conservação do patrimônio. Uma preservação, conforme ele, custa bem mais caro que uma nova construção, por necessitar de materiais compatíveis e antigos.


Régis Lopes e o também professor de História da UFC, autor do livro Fortaleza Belle Époque afirmam que há muitas pessoas preocupadas hoje com a preservação de bens ou dos recursos naturais em Fortaleza. “A manifestação da afetividade e a preocupação com o perigo de bens serem demolidos existe. É uma meia-verdade dizer que a cidade não tem memória e história”, conclui. Mas a maioria da população não tem muito interesse em preservar equipamentos e em denunciar depredações. O motivo para a falta de cuidado está bem mais próximo da educação. “São pessoas que não aprenderam a ter uma ligação com o passado. Acreditam que o importante é justificar o novo”, aponta.

Nirez tem sua aposta: a carência de cuidado tem uma relação bem mais ligada ao fato de Fortaleza ser uma cidade de muitos moradores imigrantes. “Se você sair perguntando, a maioria das pessoas ou é de outras cidades ou tem pais e avós do Interior, que fugiram dos municípios devido à seca”. As pessoas que viviam em Juazeiro ou Crato, segundo ele, provavelmente não criarão por Fortaleza o mesmo amor que tenha pela cidade natal.

No perfil da rede social Facebook, o pesquisador e memorista Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, presenteia seus seguidores com várias imagens de Fortaleza desde o fim do século XIX. As imagens mais recentes, de cerca de 50 anos atrás, mostram uma cidade bem diferente da que conhecemos hoje.


A professora de História da UFC e diretora do Museu do Ceará Cristina Holanda aponta a falta de mais investimento não só do poder público, mas também da iniciativa privada na preservação da cidade como principal fator para a não conservação do patrimônio.


“Enquanto há empresários que derrubam prédios antigos para fazer estacionamentos ou destroem áreas verdes para fazer shopping centers, há outros que resolvem melhorar a paisagem urbana”, aponta.

A professora cita a empresa de tintas que buscou agregar valor sociocultural à marca, promovendo a pintura da Praça dos Leões e do seu entorno. “No entanto, uma semana depois das obras iniciadas, uma parte da pintura foi pichada, mesmo sob protestos de outros cidadãos e da imprensa”.

O POVO levou as fotos impressas do arquivo do pesquisador Nirez.

O POVO abordou o fato de Nirez postar as fotos de Fortaleza antiga em seu perfil no Facebook no dia 31 de outubro, numa matéria publicada no Vida & Arte.

Cada uma das fotos tem uma média de 50 comentários e a mesma quantidade de compartilhamentos – algumas ultrapassam os 200.

O perfil do Nirez do Facebook é http://migre.me/63Z7c

Angélica Feitosa
angelica@opovo.com.br
Fonte Pesquisa:http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2011/11/05/noticiafortalezajornal,2329554/fortaleza-cidade-que-gera-saudade-mas-nao-se-preserva.shtml

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