Mamirauá é a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável brasileira, criada por decreto do Governo do Amazonas, em 1996. A proposta de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável é conciliar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento sustentável numa unidade habitada também por populações humanas.
A reserva Mamirauá está localizada a cerca de 600 km a oeste de Manaus, na região do curso médio do rio Solimões. Abrange uma área de 1.124.000 hectares, que passa pelos municípios de Uarini, Fonte Boa e Maraã. Outros importantes municípios amazonenses situam-se em sua área de influência como Jutaí, Alvarães e Tefé, o principal centro urbano da região. É em Tefé que fica a sede do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que partilha com o Governo do Amazonas a gestão das Reservas Mamirauá e Amanã.
Antes de ser uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Mamirauá foi definida como uma Estação Ecológica, a partir de solicitação feita em 1985 pelo pesquisador José Márcio Ayres para a então Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República. O pedido foi feito para proteger o macaco uacari-branco, espécie estudada por Ayres em seu doutorado.
O nome Mamirauá vem do lago localizado no coração da reserva e seu significado mais aceito é filhote de peixe-boi. Trata-se de um lugar singular: um complexo ecossistema de lagos, lagoas, ilhas, restingas, chavascais, paranás e muitas outras formações, que permanece de 7 a 15 metros debaixo d’água por seis meses no ano.
O acesso à reserva se dá por Tefé, que recebe voos regulares praticamente todos os dias da semana e barcos rápidos ou convencionais mais de uma vez por dia. A cidade de Tefé dista menos de 30 km da extremidade sudoeste da Reserva Mamirauá. Como a reserva é toda circundada por corpos d’água, as vias de acesso são muitas e amplas.
Uma característica fundamental da Reserva Mamirauá é a sua diversidade de habitats aquáticos e terrestres, que sofrem intensas e contínuas modificações, definidas pela dinâmica das águas na região. A variação sazonal de seca e de cheia é determinante para a flora e a fauna e toda a vida na várzea, que deve se adaptar a essa variação. Em última análise, o componente mais importante e mais dramaticamente dinâmico desse ecossistema fica por conta das águas.
Populações humanas
Dados de 2001 apontam a existência de 63 assentamentos humanos, com 6.306 pessoas que dependem da várzea de Mamirauá.
A economia dos moradores e usuários da reserva pode ser caracterizada como camponesa e se baseia na combinação da produção de subsistência de itens básicos da alimentação (peixe e farinha de mandioca) e uma produção, pouco intensiva, para venda, composta pelos mesmos itens e, em menor escala, carne de jacaré.
As comunidades ribeirinhas situadas na reserva estão organizadas em 9 setores. Cada setor convoca assembleias periódicas nas quais são discutidas propostas de utilização dos recursos encontrados na área sob sua responsabilidade.
Fontes:
HERCOS, Alexandre Pucci; QUEIROZ, Helder Lima; ALMEIDA, Henrique Lazzarotto de. Peixes Ornamentais do Amanã. Tefé: IDSM, 2009.
SILVEIRA, Rose. José Márcio Ayres: Guardião da Amazônia. São Paulo: Rose Silveira, 2010.
INOUE, Cristina Yumie Aoki. Regime global de biodiversidade: o caso Mamirauá. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007.
COSTA, Bernardo Lacale Silva da. Levantamento Arqueológico da RDSA Estado do Amazonas. Belo Horizonte: UFMG, 2007. 57 f. Tese (Bacharelado em Ciências Sociais) Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
RAEDER, Fernando Loschiavo. Elaboração de Plano para a Conservação e Manejo de Aves e Quelônios na Praia do Horizonte, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, AM. Manaus: INPA/FUA, 2003. 48 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Fundação Universidade do Amazonas, Manaus, 2003.
Plano de Gestão Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Tefé: IDSM, 2010, v.1.
Visite: http://www.mamiraua.org.br/reservas/mamiraua
17/08/2012
Trilha Sonora nota MIL.
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